Perdido no Circo dos Animais

Não vim por sorte. Vim porque as máquinas eram demasiado altas — os algoritmos, os ritmos, as cenouras brilhantes do ‘Glória Alegre’ — todos gritando em tons neon enquanto minhas mãos tremiam. Antes, pensava que jogos eram ruído. Mas então — sentei-me sozinho num banco de meia-noite em Brooklyn, rolando num fórum anônimo: ‘Isso me atingiu mais do que esperava.’ Não foi vitória. Foi um coelho — pelagem azul-escurecida com luz estelar — à beira de um carrossel sem botões. Sem jackpots. Sem placares. Apenas os olhos dela — e os meus — em perfeita sintonia. Chamam isso de ‘circo dos animais.’ Eu chamo de luto transformado em gentileza. O jogo não me deu moedas. Deu-me silêncio entre giros — o tipo que não precisa ser conquistado. Meu pai ensinou-me o ritmo dos relógios alemães. Minha mãe ensinou-me a serenidade dos tambores africanos. Juntos — fizeram deste lugar sagrado — não um arcade, mas um santuário onde até os algoritmos respiram suavemente. Parei de perseguir vitórias quando entendi: alguns finais não são falhas — são convites. E agora? Volto aqui — não para jogar, mas para lembrar como a quietude pode curar você se permitir.